sexta-feira, 22 de maio de 2009

CRIAÇÃO DE BICUDO

Há muitas maneiras de disputar território e parcerias no mundo animal. A estrat[Photo]égia utilizada pelo bicudo está em seu belo, afinado e repetido canto, vocação que levou o pequeno pássaro de penas pretas a ser estrela de campeonatos pelo interior do país. Ereto e de peito empinado, num fôlego esticado, o bicudo põe à prova nos torneios sua capacidade de reproduzir um som limpo e claro, técnica que na natureza serve para marcar seu local de morada e cortejar a fêmea escolhida. O desenvolvimento do canto é o principal objetivo na criação de bicudo, atividade considerada fácil, mas que exige dedicação para os pretendentes a participar de competições. O pássaro precisa ser treinado para emitir a diversidade de notas musicais da qual é capaz. Muitos criadores utilizam gravações de outros bicudos já treinados para estimular o dom da espécie. Quanto mais a ave conseguir repetir um canto cadenciado e sonoro, mais chance tem de levar o principal prêmio para casa. Para quem tem interesse em iniciar uma atividade simples e que ajuda na renda mensal, a criação de bicudo é ótima alternativa com a comercialização de matrizes para outros criadores. Sem necessitar de muito espaço e cuidados, o pássaro vive bem em gaiolas individuais e se alimenta de ração balanceada, que pode ser comprada em lojas de produtos agropecuários. De penas pretas e faixa branca nas asas, o macho é o único dotado da aptidão de cantar. Coberta por uma plumagem marrom, a fêmea tem a função de procriar. Ela choca e trata do filhote, que é mantido na mesma gaiola até 25 a 30 dias de vida, quando já é capaz de se alimentar sozinho. Na idade adulta, o bicudo pesa cerca de 25 gramas e apresenta comprimento de 16 centímetros. Seu bico é grosso, em formato adequado para comer sementes. O bicudo é espécie nativa da mata brasileira e, portanto, fiscalizado pelo Ibama - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Ameaçado de extinção há duas décadas, o pássaro teve sua criação comercial liberada pelo instituto como uma saída para assegurar a existência de novas gerações.

RAIO X

CRIAÇÃO MÍNIMA: um macho e duas fêmeas (um terno)
CUSTO: de R$ 500 a R$ 5 mil, de acordo com o desempenho do canto
RETORNO: no primeiro ano de criação
REPRODUÇÃO: dois a três ovos por postura

MÃOS À OBRA

Recém-nascidos, os filhotinhos chegam ao mundo com muita fome

INÍCIO - para começar a criação, um macho e duas fêmeas são o suficiente. Compre filhotes de criadores com referência ou certifique-se de que o vendedor possui autorização do Ibama para a atividade comercial. O bicudo pode viver em cativeiro somente sob licença expedida pelo órgão do governo federal.
AMBIENTE - o bicudo pode ser criado em quintais, áreas urbanas e em lugares que não tenham muito espaço. O importante é que o local seja protegido de correntes de vento e sol forte. Procure instalar a gaiola em ambientes arejados.
GAIOLA - cada bicudo deve ter sua própria gaiola, que pode ser adquirida no varejo especializado. Há disponíveis no mercado unidades de arame galvanizado e modelos que possuem madeira na base. Recomenda-se comprar gaiolas com 40 centímetros de largura, 60 centímetros de altura e 1 metro de comprimento, também chamadas de voadeiras. Os poleiros devem ter diâmetros diferentes para evitar o atrofiamento dos pés do pássaro. Nas mesmas lojas que vendem as gaiolas, podem ser encontrados os bebedouros e comedouros.
CUIDADOS - disponibilize sempre água limpa e ração de qualidade para garantir uma ave saudável. O bicudo deve ser vermifugado uma vez por ano, de preferência no período da muda de pena, que vai de janeiro a maio, ou antes do acasalamento. Forneça também ao pássaro um composto de farinha de casca de ostra, carvão vegetal e tijolo triturado, para auxiliar a digestão dos alimentos e a oferta de cálcio e minerais. Chamado grit, o produto é vendido em casas agropecuárias.
ALIMENTAÇÃO - o bicudo pode ser alimentado diariamente com uma mistura feita pelo próprio criador. Junte painço português, verde, preto e vermelho, querela de milho e arroz cateto, na quantidade de 100 gramas cada e mais 300 gramas de alpiste. Sirva no comedouro e, uma vez por semana, adicione um pouco de semente de girassol moída. O pássaro também gosta de comer jilós, hortaliças folhosas, milho verde, berinjela, pepino e couve. Forneça um ou outro como um complemento da refeição.
REPRODUÇÃO - o período de reprodução vai de junho a dezembro. Como é criado em gaiolas individuais, é preciso ficar atento para saber quando chegou a hora de procriar. O sinal é dado por meio de alguns movimentos típicos da fêmea ao aproximar o macho de sua gaiola. Junte o casal por alguns instantes na mesma gaiola e repita o processo até ser botado o segundo ovo. São três posturas por ano, com rendimento de dois a três ovos por vez, que levam de 13 a 14 dias de incubação. Os filhotes nascem todos com penas marrom. Sem realizar a sexagem, é possível descobrir o sexo dos pequenos bicudos somente em dois ou três meses de vida, quando o macho começa a cantar.

 

*João Germano de Almeida, criador e presidente da ABC Aves - Associação Brasileira dos Criadores de Aves de Raças Puras, tel. (11) 9135-2041; www.abcaves.com.br
Onde adquirir: associações de pássaros da região indicam criadores que vendem exemplares
Mais informações: Associação dos Criadores de Curiós e Bicudos de Santo André, Rua Paulo Novais, 779, CEP 09172-420, tel. (11) 4453-6750; Cobrap - Confederação dos Criadores de Pássaros Nativos, CSD 1, Lote 24, sala 102, CEP 72020-015, Taguatinga, DF, www.cobrap.org.br


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